Canidé
do São Francisco
A
cidade original, era, na verdade, um pequeno aglomerado à margem do
rio São Francisco mas foi abandonada e teve a sede municipal
transferida para o platô, por causa da construção da Usina
Hidrelétrica de Xingó, pois área que a cidade se localizava
precisava ser alagada. Em 06 de Março de 1987 foi inaugurada a “Nova
Canindé”.
Usina
Hidrelétrica de Xingó
Entre
os Estados de Alagoas e Sergipe, compreendendo os municípios de
Piranhas-AL e Canindé do São Francisco-SE, está localizado um dos
maiores e um dos mais modernos Complexos Hidroelétricos do mundo.
Hoje, a UHE – Xingó - é a 2ª maior hidroelétrica do país e a
6ª do mundo. Construída pela CHESF (Companhia Hidroelétrica do São
Francisco), através de um investimento de cerca de 3,7 bilhões de
dólares, fez surgir um lago com 60 km² de extensão, com capacidade
de armazenamento de 3,8 bilhões de metros cúbicos de água. A
capacidade geradora da usina é de 3 milhões de quilowatts, com 6
unidades geradoras instaladas , cujo potencial de energia é de 500
KW cada.
Piranhas
Piranhas
ficou nacionalmente conhecida por ser a cidade onde a cabeça
de Lampião,
e de outros do seu bando, ficaram expostas após decapitação. Em
Piranhas também foi rodado o filme Baile
Perfumado,
com o mesmo tema do cangaço.
No museu da cidade pode ainda ser visto várias fotos de Lampião,
inclusive a famosa foto que mostra o empilhamento das cabeças na
escadaria da prefeitura do município. Neste mesmo museu trabalha
hoje, como auxiliar, um dos policiais que, na época, mataram Lampião
e seu bando.
O
município ainda é banhado pelo majestoso rio
São Francisco.
Piranhas foi reconhecida como patrimônio histórico nacional
pelo IPHAN.
Lampião
Nascido
na cidade de Vila Bela, atual Serra
Talhada,
no semiárido do estado de Pernambuco e
foi o terceiro filho de José Ferreira da Silva e Maria Lopes de
Oliveira. O seu nascimento só foi registrado no dia 7
de agosto de 1900.
Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era
alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante
incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das
versões a respeito de seu apelido é que ele modificou um fuzil,
possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que o cano aquecia
tanto que brilhava dando a aparência de um lampião.
Sua
família travava uma disputa mortal com outras famílias locais até
que seu pai foi morto em confronto com a polícia em 1919.
Virgulino jurou vingança e, ao fazê-lo, provou ser um homem de
atitudes violentas e rudes. Tornou-se um mito em termos de
disciplina. O bando chamava os integrantes das volantes de "Macacos"
- uma alusão ao modo como os soldados fugiam quando avistavam o
grupo de Lampião(pulando).
Durante
os 19 anos seguintes (começou aos 21 anos), Lampião viajou com seu
bando de cangaceiros, que nunca ultrapassou o número de 50 homens,
todos a cavalo e em trajes de couro, chapéus, sandálias, casacos,
cintos de munição e calças para protegê-los dos arbustos com
espinhos típicos da vegetação caatinga.
Para proteger o "capitão", como Lampião era chamado,
todos usavam sempre um poder bélico potente. Como não existiam
contrabandos de armas para se adquirir, em sua maioria eram roubadas
da polícia e unidades militares. A espingarda Mauser e
uma grande variedade de pistolas semiautomáticas e revólveres
também eram adquiridos durante confrontos. A arma mais utilizada era
o rifle Winchester.
Lampião
foi acusado de atacar pequenas fazendas e cidades em sete estados
além de roubo de gado, sequestros, assassinatos, torturas,
mutilações, estupros e saques. No nordeste do Brasil, sua história
é contada diferente de todos os outros Estados do País. Lá,
Lampião é conhecido como o Robin Hood do sertão brasileiro, que
roubava de fazendeiros, políticos e coronéis da época
do coronelismo brasileiro
para dar aos pobres miseráveis, que passavam fome e lutavam para
sustentar famílias com inúmeros filhos.
Era
devoto de Padre
Cícero e
respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma
única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.
Sua
namorada, Maria
Gomes de Oliveira,
conhecida como Maria
Bonita,
juntou-se ao bando em 1930 e,
assim como as demais mulheres do grupo, vestiam-se como cangaceiros e
participou de muitas das ações do bando. Virgulino e Maria Bonita
tiveram uma filha, Expedita
Ferreira,
nascida em 13
de setembro de 1932.
Há ainda a informação controversa de que eles tiveram mais dois
filhos: os gêmeos Ananias e Arlindo Gomes de Oliveira, mas nunca foi
comprovada a verdade dos fatos, além de outros dois natimortos.
Morte
de Lampião
No
dia 27 de julho de 1938,
o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe,
esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite,
chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão
de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia
28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam
para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde
demais.
Não
se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais
seguro, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais
do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva
abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não
puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O
ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco
e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram
ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em
seguida, Maria
Bonita foi
gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte
inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos
com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os
mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.
A
força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje,
mas seguindo o costume da época, decepou a cabeça de Lampião. Maria
Bonita
ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada. O
mesmo ocorreu com Quinta-Feira, Mergulhão (os dois também tiveram
suas cabeças arrancadas em vida), Luis Pedro, Elétrico, Enedina,
Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Um dos policiais, demonstrando
ódio a Lampião, desfere um golpe de coronha de fuzil na sua cabeça,
deformando-a; este detalhe contribuiu para difundir a lenda de que
Lampião não havia sido morto, e escapara da emboscada, tal foi a
modificação causada na fisionomia do cangaceiro.
Feito
isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene,
contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensanguentados foram
deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação
de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre
os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este
fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados
antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.
Percorrendo
os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças -
já em adiantado estado de decomposição - por onde passava,
atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em
Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja,
junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois,
foram levadas a Maceió e
ao sudeste
do Brasil.